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  22/02/2024
Os elementos do discernimento: o autoconhecimento e o desejo

Os elementos do discernimento: Autoconhecimento

Continuando a nossa explanação sobre o discernimento a partir o ciclo de catequese do Papa Francisco, veremos que um elemento fundamental para realizar um autêntico discernimento é o autoconhecimento, conhecer a si mesmo. Muitas vezes não sabemos discernir porque não nos conhecemos de modo suficiente, e assim não sabemos o que realmente queremos. A vida requer respostas, questiona-se sobre o seu sentido e por falta de elementos essenciais em nossa vida para reconhecer qual é a nossa sede e onde buscamos sana-la, corremos o sério risco de naufragar nas margens da vida pois não nos conhecemos bem.  

O maior desafio no caminho de um verdadeiro discernimento é o autoconhecimento, pois, o processo de discernir abrange a nossa dimensão humana, vontade, afetos e aptidões, este é o verdadeiro desafio do discernimento, conhecer a nós mesmos, o que em muitos casos não queremos nos conhecer e acabamos preferindo no esconder nas mascaras, “Todos temos a tentação de usar máscaras inclusive diante de nós mesmos”. Esta mascara vem a nós pela nossa abertura à ignorância a nossa personalidade e aos nossos desejos mais profundos.

Conhecer-se a si mesmo é um árduo trabalho de escavação interior, de busca intima pela verdade existencial em nós, um caminho de arrancar mascaras, de conhecer o que nos move, de conhecer as nossas aspirações e desejos. É o momento de parar e “de tomar consciência da nossa maneira de agir, dos sentimentos que nos habitam, dos pensamentos recorrentes que nos condicionam, e muitas vezes sem que saibamos”, podemos dizer que é o momento de purificação a ponto de perceber e “reconhecer que a visão que temos de nós próprios e da realidade é às vezes um pouco deturpada”. Reconhecer isto é um grande valor em nossa vida, pois com tal visão ocasionada até mesmo por experiencias do passado limitam a nossa liberdade existencial.

Para superar esta visão deturpada, adentramos a um caminho de “reconhecer o que é realmente importante para nós, distinguindo-o das modas do momento ou de slogans vistosos e superficiais” que nos são diariamente apresentadas pelo maligno como o sentido de nossa vida, quando na verdade somos conduzidos à tristeza e à desolação. “Pois o tentador apresenta-nos coisas más hipnotizando-nos com o fascínio que as mesmas exercem sobre nós: são coisas belas, mas ilusórias, que no fim nos deixam um sentimento de vazio e tristeza. Só o Senhor é que nos pode confirmar na avaliação justa que fazemos das coisas.

O Papa Francisco nos diz que uma ajuda valiosa para o autoconhecimento e para vencer tudo isto é o exame de consciência geral do dia, o hábito de reler com calma o que acontece no nosso dia: o que aconteceu no meu coração neste dia? Quais? Porquê? Quais traços deixaram no coração? “Aprendendo a observar nas avaliações e escolhas aquilo a que damos mais importância, o que procuramos e porquê, e o que afinal encontramos”. E sobretudo a busca por descobrir o que sacia o meu coração, o que sacia a sede existencial de minha vida. O exame de consciência do dia, “trata-se de ver o percurso dos sentimentos, das atrações no meu coração durante o dia”, qual o sentimento que dominou neste dia.

Fonte: Papa Francisco, Audiência Geral, Praça São Pedro:

Catequeses sobre o discernimento 4. Os elementos do discernimento. Conhecer-se a si mesmo. 

Quarta-feira, 5 de outubro de 2022

 


Os elementos do discernimento: O desejo


“O discernimento é uma forma de busca, e a busca deriva sempre de algo que nos falta”, faz-se necessário analisar e conhecer o que buscamos e por onde caminhamos, neste texto analisamos mais um elemento ou mais um passo para o discernimento: o desejo. O termo, nos diz o Santo Padre, desejo tem origem na palavra latina “de-sidus”, que significa literalmente “a falta da estrela”. Nesse contexto, o desejo é percebido como a ausência de um ponto de referência que orienta a vida, gerando uma carência e uma tensão para alcançar o bem desejado. O desejo, portanto, funciona como uma bússola que indica a posição e a direção na jornada da vida, revelando se estamos em movimento ou estagnados. A ausência de desejo é associada a uma condição estática, possivelmente indicando uma pessoa doente ou quase morta.

Pensemos no desejo autêntico do nosso coração, por exemplo a sede, “se não encontramos algo para beber, não renunciamos; pelo contrário, a busca ocupa cada vez mais os nossos pensamentos e ações, até nos dispormos a fazer qualquer sacrifício para a poder saciar”. Assim entendemos que ao contrário da emoção passageira do momento o desejo perdura no tempo até ser concretizado.

Tomemos por exemplo desejo de alguém em tornar-se médico, esse anseio exige uma adesão no caminho de estudos e trabalho, exigindo limites e a recusar outras opções de vida. Apesar das dificuldades, o desejo de alcançar a meta fortalece e motiva, proporcionando coragem e perseverança para superar obstáculos, impulsionado pelo desejo intenso de realizar a aspiração desejada. O desejo é assim: exige saber o que se quer.

Jesus frequentemente questiona o desejo das pessoas antes de realizar milagres, como no caso do paralítico em Betesda. Essa abordagem visa esclarecer resistências à cura e provocar uma mudança de mentalidade. O exemplo do paralítico destaca a contradição entre afirmar querer algo e, ao mesmo tempo, buscar a ação necessária para alcançar esse desejo.A pergunta de Jesus ‘Queres ser curado?’ era um convite a esclarecer o seu coração, para acolher um possível salto de qualidade: deixar de pensar em si próprio e na sua vida de paralítico”, transportado por outros. Jesus, assim, convida a refletir sobre o verdadeiro desejo de vida. O paralítico, apesar de lamentar sua situação, não dá passos concretos para a cura, não faz nada para adquirir a cura.

O que queres da vida? O que deseja em sua vida? Muitas pessoas sofrem por não saber o que querem a sua vida, encontram-se sem sentido por não tocarem o verdadeiro desejo latente em seu coração.

Imaginemos que Jesus, como fez ao cego de Jericó, se aproxima de nós e pergunta: “Que desejas ou que queres que faça por ti?” O que responderíamos? “Talvez finalmente pudéssemos pedir-lhe que nos ajude a conhecer o profundo desejo d’Ele que o próprio Deus colocou no nosso coração: “Senhor, que eu conheça os meus desejos, conheça as minhas aspirações, minhas motivações.”

“O Senhor tem um grande desejo em relação a nós: tornar-nos partícipes da sua plenitude de vida”, o Senhor tem um desejo e um sonho em nós, Ele tem um projeto e conta conosco, “Senhor completa em mim a obra começada” (Sl 137, 8).

 

Fonte: Papa Francisco, Audiência Geral, Praça São Pedro:

Catequeses sobre o discernimento 5. Os elementos do discernimento. O desejo 

Quarta-feira, 12 de outubro de 2022


Sem. Mário Eduardo Vidal

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